terça-feira, 1 de julho de 2008

do que a física não explica [parte 1]

são esses mistérios do dia-a-dia que ninguém consegue explicar, mas que todo mundo já presenciou. um pombo cagar na tua camisa nova bem no dia daquela entrevista de emprego; teu chefe resolver te pedir aquele relatório bem no dia em que a porra do cliente te mandou a arte de volta cheia de correções pra serem feitas; o ônibus passar do outro lado da rua no exato instante em que tu coloca o pé na faixa de segurança pra atravessar...

dia desses eu passei por uma situação dessas. acordei, tomei meu banho e a bosta já começou. tenho o péssimo hábito de escovar os dentes no chuveiro. o processo é o seguinte: eu entro no banheiro, ligo o chuveiro e, enquanto a água quente não começa a sair do jeito que eu gosto - na temperatura que deixa o ombro da gente vermelho, sabe? - eu coloco o creme dental na escova, tiro a roupa e faço o meu xixi matinal. religiosamente. debaixo do chuveiro eu escovo os dentes e, antes de começar a lavar o corpo, jogo a escova por cima da porta do box pra que ela caia dentro da pia.

nunca errei. nem uma vezinha... mas naquele dia obviamente alguma bosta tinha que acontecer: ao invés de ouvir o som metálico da escova dançando dentro da pia, qual não foi a minha surpresa ao ouvir um ploc de algo caindo dentro da água. "putaquemepariu", pensei cá com meus botões. com tanto lugar pra ela se jogar, onde mais ela poderia cair senão dentro da privada?

okay, ótimo. depois de, com muita relutância, tirar a escova de dentes de lá, voltei ao meu banho. a rotina seguiu normalmente a partir de então. até onde se pode chamar o meu cotidiano de normal. alguns minutos depois, estou em frente ao espelho secando os cabelos - não por causa do frio, mas porque eu sou tosco e não saio de casa com o cabelho molhado mesmo -, já sem nem lembrar do episódio com a escova de dentes. quando começou a sair fumaça do secador da minha mãe eu até que comecei a pensar que alguma coisa tava errada naquele dia, mas nem isso me fez desistir. comi meu sanduíche, tomei meu café e coloquei o pé na rua... dentro de uma poça d'água. meu allstar, branquinho, encharcado.

cogitei me enfiar de volta debaixo das cobertas; afinal, estava na porta de casa. refleti. quem sabe o dia não melhora, pensei. voltei pra dentro, troquei de tênis correndo e voei pro ponto de ônibus pra pegar o primeiro que passasse. só que o primeiro que passou - e que eu peguei sem nem ler o nome - ia na direção oposta ao meu destino.

não teve jeito. saltei do ônibus, voltei pra casa, liguei pro trabalho e avisei que não iria. eu, einh? depois desse monte de aviso da lady murphy, o melhor mesmo é ficar em casa.

Um comentário:

Serginho Tavares disse...

O pior é saber que tem pessoas que recebem esses avisos e mesmo assim saem de casa e de dão de cara com o primeiro caminhão que lhe aparecem.
E sempre tem um feladaputa pra dizer: eu bem que achei que aquele dia ele tava estranho...